
Isolamento, endividamento e dificuldade de interromper o comportamento compulsivo estão entre os principais sinais da ludopatia, uma condição de saúde reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Popularmente conhecida como vício em jogos, a doença tem ganhado visibilidade no Brasil diante do crescimento do acesso às plataformas de apostas on-line.
O que é ludopatia?
A ludopatia é uma condição médica caracterizada pelo desejo incontrolável de jogar, mesmo diante de prejuízos pessoais, financeiros e sociais. A OMS classifica a ludopatia como um transtorno do comportamento, e, no Brasil, a condição consta em dois códigos da Classificação Internacional de Doenças (CID): o CID 10-Z72.6, que indica mania por jogos e apostas, e o CID 10-F63.0, que identifica o jogo patológico.
Diferentemente da ideia que muitas pessoas têm de que o vício em jogos seria apenas uma atitude irresponsável, a ludopatia configura-se como uma dependência comportamental com impactos semelhantes aos observados em usuários de substâncias conhecidas por serem nocivas à saúde, como as drogas e o álcool.
Como a doença afeta o cérebro?
O comportamento compulsivo relacionado ao jogo está associado ao chamado sistema de recompensa do cérebro. Ao jogar, o organismo libera dopamina — o hormônio ligado ao prazer — em níveis elevados, o que reforça o desejo de repetir a experiência. Assim como ocorre em outros vícios, o cérebro passa a priorizar esse estímulo, reduzindo a capacidade de tomar decisões racionais.
Com o avanço da compulsão, indivíduos com ludopatia tendem a negligenciar responsabilidades pessoais e profissionais, acumulando dívidas, rompendo relações sociais e enfrentando um quadro que se torna cada dia mais difícil de controlar. E é por isso que acompanhamos uma avalanche de casos pessoas que sofrem com a dependência e as suas consequências.
Consequências do vício
A perda do controle sobre o comportamento de jogo pode levar a um ciclo de prejuízos contínuos. Muitos jogadores compulsivos chegam a contrair empréstimos para continuar apostando, motivados por uma falsa sensação de que poderão recuperar o valor perdido. Com o tempo, a dependência tende a agravar-se, comprometendo a saúde emocional e a estabilidade financeira do indivíduo e de sua família.
É comum os casos de pessoas que se tornam mais agressivas, fechadas e que mentem, alegando que não estão jogando. Ao esconder o vício e afastar familiares e amigos, essas pessoas viciadas comprometem ainda mais as suas vidas e deixam de ter a ajuda necessária mais precocemente para frear as consequências negativas das apostas.
Tratamento e apoio
O reconhecimento da ludopatia como uma doença é essencial para a construção de políticas públicas e de apoio terapêutico aos afetados, e é por isso que o assunto está ganhando olhares atentos de toda a sociedade. Os principais sintomas incluem pensamentos obsessivos sobre jogos, isolamento social, dificuldades nos relacionamentos e o uso desenfreado de recursos financeiros (incluindo empréstimos e a venda de bens) para manter o hábito de apostar).
O tratamento deve envolver acompanhamento médico e psicológico, além do suporte de familiares, que desempenham papel fundamental no monitoramento do comportamento do paciente, visto que, muitas vezes, a pessoa pode ser incapaz de encerrar aquele ciclo sozinha. Por isso, ter alguém do lado que faça uma espécie de monitoramento da situação é fundamental para impedir "recaídas"
Em casos em que a ludopatia está associada a outras condições, como transtornos de ansiedade. Nesses casos, abordagens integradas entre profissionais de saúde de diferentes áreas podem ser necessárias para a reabilitação completa desse usuário que está viciado em jogos de apostas.
Ao reconhecer a ludopatia como doença, abre-se um caminho para que essas pessoas sejam acolhidas e recebam o devido atendimento especializado.
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